sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cacófatos

Terra onde a pita abunda

A pita, ou piteira, para que não conhece, é uma grande erva rosulada aproveitada para extração de fibras. Um famoso governador de Minas Gerais, Benedito Valadares, resolveu certa vez mencionar tal vegetal para engrandecer o seu discurso diante do povo, citando com autoridade:
- Minas, essa terra feliz onde a pita abunda...
Aí um assessor do candidato cutucou-o e cochichou: “Governador, ‘a pita abunda’ é cacófato!” Percebendo a sua gafe, ele resolveu mudar o discurso:
- Minas, essa terra feliz onde abunda a pita!
E assim Valadares entrou para história.

Cacófato, para quem não sabe, é um som desagradável ou obsceno proveniente da união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte. O célebre Rui Barbosa já cometeu um cacófato famoso em um poema que homenageava a sua amada, dizendo: “...quando ela canta, ela fala; quando ela fala, ela trina.”, chamando a coitada da mulher de latrina.
Veja alguns exemplos clássicos de cacófato abaixo:

- Fui à casa do meu avô que dá os fundos para o bar. (a casa ou o avô?)
- Venham aqui agora, Jaime e Jair!
- Vou-me já
- Muito obrigado pelas honras que me já dão
- Por favor, me arrume uma escova de dentes e um Apracur
- Leônidas marca gol de bicicleta
- Nenhum segurança havia dado
- Governo confisca gado de fazendas
- Usei um pilão de socar alho
- Olha essa fada
- Lagartos do cume saiam
- Ter... tinha, acabou-se tudo, só se for desse
- Entrega-se uma laranja por cada
- Tirei o chiclete da boca dela
- Se ele se perder no mar, o que ele faz? Segue sua nau
- Topei dando nela com a vara de toca gado
- Esse é um trabalho tão sujo quanto marcar gado
- Mãe, queria agradecer por você ter me tido 
- Levei uma picadura na bunda
- Nunca mais vou naquele medicozinho 
- Os atores subiram no palcozinho 

E para encerrar com chave de ouro esse assunto, vou deixar o famoso poema do cume:

No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira.

Quando cai a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem.

Quanto cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce.

Quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar de novo
O sol que no cume ardia!

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