sexta-feira, 23 de março de 2012

Vale a pena ser imortal?


Desde o início da jornada humana sobre a face da Terra que o desejo da imortalidade nos persegue. Afinal, quase todos querem estender ao máximo as suas vidas, uma vez que não há nenhuma garantia que exista algo após a morte. Mas se formos pensar com um pouco mais de cautela, ser imortal não é algo tão agradável quanto parece. Vou listar a seguir algumas das razões pelas quais ser imortal não é tão vantajoso.

Questões sociais
É muito contraditório querer ser imortal num mundo repleto de injustiças, desigualdades e de ódio mútuo entre as pessoas. Como poderemos ter uma vida tranquila eternamente num lugar onde há guerras, fome, revoltas, criminalidade, disputas egoístas e tantas outras mazelas? Não acho que seria agradável viver eternamente num ambiente tão cheio de problemas entre as pessoas. Sem falar que em um mundo desses muitas pessoas estariam condenadas a viver na pobreza por muito tempo, talvez para sempre.

Superpopulação
Se ninguém morresse, então certamente teríamos uma população muito maior do que a que vemos hoje. O planeta talvez não tivesse recursos suficientes para suportar tanta gente. Além disso, novos seres humanos estariam impedidos de nascer para evitar um colapso ou um surto de desabastecimento geral. Talvez até mesmo o sexo deixasse de existir, uma vez que o controle de natalidade seria extremamente rigoroso.

Problemas existenciais
Não há um único humano na face da Terra que nunca tenha experimentado frustração, solidão, angústia, tristeza, dor, sofrimento... E sentir tudo isso por toda a eternidade, mesmo em pequenas doses, seria terrivelmente deprimente. Lidar com o sofrimento proveniente dos golpes duros da vida seria algo muito difícil de lidar por milênios e mais milênios seguidos.

Espiritualidade abalada
Sem dúvida, a maioria das religiões desapareceria nesse cenário. Isso porque boa parte da linha ideológica das religiões está concentrada no que há após a morte. E sem as religiões, muitas pessoas perderiam o significado maior para a vida. Afinal, o que poderíamos esperar se não houvesse a morte? Além disso, o próprio conceito de espírito seria abalado.

Perda da noção do tempo
Como nos recordaríamos de pessoas ou eventos que ocorreram na nossa infância? Se vivêssemos infinitamente, muitas das nossas memórias se perderiam para sempre e a nossa referência no tempo e no espaço se tornaria cada vez mais vaga. E sem a nossa memória, boa parte do que nos define como indivíduos também se perderia no tempo.

Férias infinitas
Se ninguém morresse, além da previdência social praticamente se tornar desnecessária, teríamos períodos extremamente longos de férias. E ter um período de férias de, digamos, dois mil anos, nos traria um problema de desatualização com relação ao nosso trabalho. Afinal, ficar muito tempo afastado das nossas atividades profissionais pode acarretar sérios problemas nas nossas atividades.

Questão existencial
Pode parecer pretensioso da minha parte, mas eu duvido muito que alguém conseguisse se suportar por toda a eternidade. Em algum momento da existência, fatalmente as pessoas se enjoariam de serem elas mesmas. Imagine que bizarro seria você ter que ficar aprisionado à sua personalidade, aos seus defeitos e às suas particularidades para sempre. Esse 'eu' consciente que há dentro de cada um de nós provavelmente cansaria não só a si mesmo, mas principalmente às pessoas que não gostam de nós.

A Ave Fênix que renasce das próprias cinzas

É possível ser imortal?
O Ankh, símbolo da vida eterna
Tornar-se imortal só seria possível se o nosso corpo fosse indestrutível ou se pudéssemos de alguma maneira transportar a nossa mente para dentro de um outro corpo, seja ele físico ou mecânico. Mas mesmo essas possibilidades ainda podem ser limitadas - muito embora a possibilidade de uma cópia da consciência pareça ser mais plausível.
Antes de pensarmos em imortalidade ou em transplante de consciência, temos que ter em mente que isso que nós somos é a soma de uma série de fatores, tais como instintos, hormônios, desejos, sonhos, vontades, autorreconhecimento e interação neurocognitiva. Se algumas dessas propriedades sofrer uma alteração leve, talvez a nossa consciência fique distorcida demais para haver qualquer correlação com o que éramos antes de uma autocópia. Não há nenhuma comprovação de que é possível fazer um backup do nosso sistema neurológico e de quais limites isso pode alcançar.

Um dos maiores problemas envolvendo a imortalidade é a questão da fonte energia para nos abastecer. Todas as máquinas e seres vivos precisam de uma fonte de energia para funcionar. E se fôssemos imortais, possivelmente toda a energia disponível ao nosso alcance um dia iria acabar, causando morte por falta de funcionamento. Aliás, esse mesmo fenômeno de desabastecimento será responsável pelo fim do universo, uma vez que quando todo o hidrogênio do universo for convertido em átomos pesados pelas estrelas, a energia das reações termonucleares acabará e haverá a morte térmica do universo. Mesmo que atingíssemos a imortalidade, a própria morte do universo se encarregaria de nos dar um fim.
Portanto, ser imortal certamente é algo praticamente impossível.

6 comentários:

  1. A parte que mais me assusta é o entojo da gente mesmo..rss Me conhecendo como conheço, me deu a maior meda! ahahahahah..
    Assustador!
    Beijos meus

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    1. Pois é, e ainda tem gente que sonha com a vida eterna! rss) Não tem Lexotan que dê jeito!

      Namastê!

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  2. praticamente todos os argumentos contra imortalidade são embromation. E sempre com um viés de refutar a religião, coisa que a priori não necessariamente tem a ver com o assunto.

    Uma coisa é você ser condenado a vida eterna, outra coisa completamente diferente é poder ter o livre arbítrio de decidir quando morrer.

    Mas ambas as opções são imortalidade.

    Vamos parar se ser hipócritas.

    Eu também não tenho religião, penso que provavelmente vou simplesmente deixar de existir algum dia que não sei qual é. Isso sim é HORRÍVEL, não poder ter o livre arbítrio de escolher o quanto vou querer viver. Isso É UMA DITADURA DA NATUREZA, não tem como ser bom.

    Vamos parar de firula e eufemismos: uma coisa é se conformar com a morte, outra coisa é bancar o bobo-alegre e arrumar desculpas esfarrapadas para pensar que isso vai ser bom (a menos que você seja um suicida).

    Me desculpe, mas eu escolho não enganar a mim mesmo como o autor do blog fez.

    Por fim, se amanha a ciência descobrisse a formula mágica para a vida eterna, e eu ganhasse 50 centavos por cada um que disse que não queria viver pra sempre, mas fez fila para ficar imortal, eu ficaria milionário (e imortal).

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    1. Mesmo que a imortalidade exista, ela tem um problema sério: ela é insuportável para seres finitos e limitados como nós. Não se iluda: a imortalidade é uma tortura. Assista a este vídeo e este outro depois e veja se eu não estou correto.

      Abraço.

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    2. Wellington, eu tinha 99,9% de certeza que o vídeo linkado por vc seria ou do Pirulla ou do Salatiel Júnior. Já os tinha assistido, são muito bons.

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    3. Verdade, os caras são feras mesmo.

      Abraço.

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