quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A Baía de Guanabara pede socorro

A Baía de Guanabara que as pessoas fingem não existir

A maioria das pessoas, mesmo que nunca tenha ido ao Rio de Janeiro, certamente já deve ter visto em fotografias ou pelo menos ouvido falar na Baía de Guanabara. Esta baía, que engloba toda a região metropolitana do Rio e alguns municípios próximos, só perde em fama e em tamanho para a Baía de Todos-os-Santos, em Salvador (e talvez também para a Baía da Ilha Grande, também no RJ). Uma baía, para quem não sabe, é uma porção de mar ou oceano rodeada por terra por onde o mar avança para o interior do continente, formando uma reentrância na costa. No caso da Baía de Guanabara, apesar da sua relevância histórica e do seu apelo turístico, ela se transformou num verdadeiro lixão aquático. O problema da poluição nessa baía tomou proporções tão graves que todo o ecossistema em seu entorno está ameaçado, desde de espécies que sumiram da região até a destruição da vegetação costeira. Além da longa lista de problemas ambientais, temos também impactos negativos na economia, no turismo, no lazer e no dia a dia dos habitantes. Vai ser necessário um grande esforço coletivo para reduzir a poluição de um dos maiores cartões postais da Cidade Maravilhosa.

Vista panorâmica da Baía de Guanabara

Um pouco sobre a Baía de Guanabara

História
Mapa do século 16
Habitada pelos índios temiminós, a Baía de Guanabara foi descoberta pela expedição exploradora portuguesa em 1 de Janeiro de 1502. Os portugueses a confundiram com a foz de um grande rio, ao qual denominaram "Rio de Janeiro", por ter sido descoberto no mês de janeiro. Os indígenas locais, entretanto, tinham já uma designação tupi para a mesma: Iguaá-Mbara (iguaá = enseada do rio, e mbará = mar), ou então guana ("seio") bara ("mar"), "mar do seio", em referência a seu formato arredondado e à fartura de pesca que proporcionava.

Características
Entrada da baía
A Baía de Guanabara é geograficamente resultante de uma depressão tectônica formada no Cenozoico, entre dois blocos de falha geológica: a chamada Serra dos Órgãos e diversos maciços costeiros, menores. A baía também possui mais de 20 ilhas e ilhotas, entre elas, as famosas Ilha do Governador, Ilha de Paquetá, Ilha Fiscal e a Cidade Universitária (que comporta parte da UFRJ).

Transportes
Estação das barcas no Rio
Além da famosa Ponte Rio-Niterói, que é a ponte mais extensa do país com seus mais de 13km de extensão, temos também diversas embarcações, entre elas as barcas, lanchas, catamarãs e bateau mouches que servem tanto a turistas quanto a moradores. Também podemos incluir aí os dois aeroportos, o Santos Dumont e o Tom Jobim (Galeão) que ficam também nesta baía.

Fonte: Wikipedia

Baía de Guanabara vista de um satélite

Poluição sem fim
O maior problema da Baía de Guanabara é, de longe, a sua poluição criminosa. Alguns gaiatos chegaram a apelidá-la de "Bacia de Guanabara" por conta do descaso com a questão ambiental e do mau cheiro.
Segundo a Wikipedia, cerca de 400 indústrias são responsáveis pelo lançamento de quantidades expressivas de poluentes na Baía de Guanabara e nos rios da sua bacia, incluindo aí resíduos orgânicos, esgoto doméstico e até metais pesados como chumbo e mercúrio (isso sem incluir os vazamentos de óleo). Uma estimativa é que atualmente são despejados por segundo cerca de 18 mil litros de esgoto sem tratamento na baía. Como se não bastasse o despejo irregular de esgoto, atualmente a baía recebe mais de 1000 toneladas de resíduos sólidos por dia. Em outras palavras, flutua na baía lixo urbano, que vai desde garrafas PET e pneus até móveis e eletrodomésticos. Essa poluição mórbida trouxe a extinção de diversas espécies de animais que habitavam a baía e praticamente impossibilitou banhos de mar nas suas mais de 50 praias, entre elas as famigeradas praias de Botafogo, do Flamengo e a de Ramos. No caso da Praia de Ramos, foi necessário que em 2001 o Governo do Estado tivesse criado o Piscinão de Ramos para atender a população da Zona Norte e da Baixada Fluminense, já que a água da praia é praticamente inacessível devido ao excesso de sujeira.

Piscinão de Ramos: alternativa à praia

Existem dezenas de espécies botânicas, zoológicas e ictiológicas que habitam ou procuram a baía de Guanabara para se alimentar ou se reproduzir, tais como golfinhos, tartarugas-marinhas, bagres e sardinhas. Muitas dessas espécies que fazem parte do ecossistema da baía acabaram sumindo ou morrendo, o que afeta diretamente os pescadores, os manguezais e todo o equilíbrio ecológico.
Todo mundo sabe que o Rio de Janeiro é uma cidade cheia de problemas, mas a poluição que a cidade enfrenta está trazendo o risco de piorar ainda mais as coisas, já que afeta a qualidade de vida dos seus habitantes e afasta os turistas. Deixar de cuidar dos aspectos ambientais não é apenas um descaso ecológico: é perda de dinheiro e de tempo também. Já passou da hora de reunirem esforços para acabar com essa pouca vergonha. O problema é monstruoso, por isso certamente vai levar décadas para consertar. Mas o que não podemos é tratar com desdém esse problema que é de todos.

Mais informações em:
Baía de Guanabara continua poluída depois de 20 anos de investimento
10 anos depois do acidente, Baía de Guanabara continua poluída

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