quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Politicômetro e a militância partidária


É um ato praticamente instintivo da nossa espécie buscar um posicionamento político ou encontrar uma identificação partidária. No contexto atual, com a sacudida que as manifestações de junho de 2013 deram nas pessoas, especialmente nos mais jovens, houve uma busca quase em massa pela identidade política dos que nunca se interessaram muito pelo assunto. E uma das formas mais comuns que os jovens têm usado para tentar encontrar a sua posição política tem sido através de testes on line como o Politicômetro, o Diagrama de Nolan ou o Political Compass. Esses testes apresentam várias questões que, depois de respondidas, são usadas para apontar se a pessoa é de direita, de esquerda, conservadora ou libertária. Apesar de achar a ideia interessante, acho incrivelmente ingênuo que alguém confie nestes testes por duas razões. A primeira é que todos eles são tendenciosos e acabam forçando o leitor a dar uma determinada resposta a uma pergunta que, se fosse formulada de uma maneira diferente, talvez obtivesse uma outra resposta. E a segunda é que a média aritmética de algumas poucas questões não serve para definir o posicionamento político de ninguém.
Só para descargo de consciência, eu resolvi fazer alguns testes e abaixo vou mostrar os resultados.





Como é possível ver acima, os dois testes apontam que eu sou um libertário de esquerda. O problema é que essas definições, mesmo que corretas, tendem a rotular e estereotipar as pessoas. E como eu costumo dizer por aí: definir-se é limitar-se. A média obtida no teste apontou que eu sou de esquerda, mas houve perguntas das quais a minha opinião era de direita, como, por exemplo, a questão sobre a melhoria de empresas de telefonia que foram desestatizadas. O mesmo ocorreu com relação às questões libertárias e conservadoras. Existem pouquíssimas pessoas que são 100% direita ou 100% esquerda e a maioria delas ou são fanáticas, ou simplesmente "compram" um pacote ideológico de um dos lados e o segue como se fosse uma religião. A solução é que as pessoas esquecessem desses rótulos e procurassem pensar por si mesmas com relação a cada questão. No meu caso, apesar de ter sido de esquerda durante a maior parte da minha juventude, hoje eu me defino mais como centrista. Creio que a maturidade reduz alguns radicalismos e nos torna mais reflexivos. Antes, por exemplo, eu via o capitalismo como um mal por ele disseminar desigualdades. Mas hoje eu já considero que o mais justo dos capitalismos é melhor que o mais justo dos socialismos, com as devidas restrições, claro.

Diagrama de definições econômicas

Militância partidária
Semelhante à questão do direcionamento político citada anteriormente, eu vejo que a militância partidária segue na mesma linha. Quase sempre os militantes de um partido tendem a se comportar como uma torcida organizada e a defendê-lo como se ele fosse uma religião. Isso leva não apenas a negação do pensamento individual como também ao fanatismo. Ser simpatizante e seguidor de um determinado partido é saudável, mas adorá-lo cegamente ignorando os próprios conceitos é algo que não faz muito sentido. Em casos mais extremos, militantes partidários tendem a fazer vista grossa para escândalos e casos de corrupção. Além disso, há o velho problema da infidelidade partidária, onde muitos se infiltram num partido para queimar o filme do mesmo e depois fazem o bom e velho troca-troca. E também há o problema dos partidos que mudam frequentemente de postura (como é o caso do PMDB, por exemplo), que acabam transformando os seus militantes em bobos alegres.
Apesar de considerar alguns partidos melhores e mais confiáveis que outros na minha escala de valores, eu não coloco a minha mão no fogo por nenhum. Nunca é demais dizer que ninguém é incorruptível e que cada partido tem o seu preço, pois como já dizia o cronista José Simão: "Não há virgem na zona". Sou favorável à pluralidade partidária e à democracia, mas me recuso a tratar um partido ou uma ideologia como representante da minha forma individual de pensar.

3 comentários:

  1. No diagrama de Nolan fiz o tal teste pela primeira vez e deu centrista em outra oportunidade deu libertário, já nos tais politicômetros sempre dava esquerda liberal ou de centro, o grande perigo desses testes como foi bem colocado é a rotulação ou a compra de ideias prontas, um ser nem sabia o que era política tempos atrás agora já se autodenomina de uma de suas posições, é perigoso, ainda mas no Brasil aonde existe um analfabetismo tenso no tema.

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    1. Olá, Emanuell.
      Exatamente. Não temos que encontrar uma ideologia para nos definir. Temos que nos definir primeiro para depois encontrar (ou criar) uma ideologia que esteja de acordo com as nossas convicções.
      Obrigado por sua participação.

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    2. Esse Diagrama de definições econômicas é uma piada né?

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