terça-feira, 12 de novembro de 2013

A marginalização da prostituição


Há uma página no Facebook chamada Moça, você é machista, que eu curti (e curto) por ela ser uma referência em matéria de igualdade entre gêneros, algo que eu sou defensor. Ontem, ao olhar as atualizações dessa página, me deparei com um post que mostrava sete frases, algumas delas ditas por estupradores e outras divulgadas em revistas masculinas. O objetivo era que as pessoas tentassem diferenciar quais frases foram proferidas por estupradores e quais foram achadas em revistas. Vou deixar a imagem logo abaixo:

Estupradores versus revistas - clique para ampliar

Fonte:
Revistas masculinas usam o mesmo discurso de estupradores

Bem, eu, ao ver isso, naturalmente, fiquei chocado com o fato de que revistas voltadas para o público masculino tenham opiniões tão machistas e misóginas a ponto de serem indistintas de frases de estupradores. O teor é realmente ameaçador e agressivo. Mas só que aí tem dois problemas. O primeiro é que os nomes dessas revistas, não sei por que, não foram divulgados. Eu gostaria muito de saber que revistas são essas. Isso não foi citado na matéria e nem na publicação do estudo que saiu no site da Jezebel. O segundo problema é que tem um desses itens que não me soou machista ou misógino, inclusive me pareceu bem estranho estar nesta lista, que foi justamente a frase que fala o seguinte:

"Garotas de programas… elas sabem exatamente como deixar um homem louco. Eu desisti de namoradas. Elas não sabem como me satisfazer, mas garotas de programa sabem." (frase tirada de alguma revista)

Olhe só que coisa mais tendenciosa e preconceituosa colocar a prostituição no meio desse monte de imundícies. Eu até concordo que a prostituição (pelo menos aqui no Brasil) tenha virado um dos negócios mais rentáveis, a ponto do país ser uma referência em 'turismo sexual' no mundo. Mas acho absolutamente desonesto e moralista colocar a preferência de alguém pelo sexo pago nesta lista. Eu escrevi neste blog diversas postagens mostrando porque o sexo pago é, geralmente, muito superior em qualidade ao que é obtido dentro de relacionamentos. Antes que me chamem de machista, aviso logo que isso vale tanto para garotas quanto para garotos de programas. Homens e mulheres têm o direito de pagarem para ter um bom sexo. Não quero ofender os mais românticos, mas acho que comparar um PROFISSIONAL com alguém com quem se transa ocasionalmente ou "por amor" é simplesmente ridículo. É como comparar um carro de corrida com um carro de passeio para saber qual dos dois tem o melhor desempenho numa corrida.
OBS: Se algum ruminante disser que eu estou comparando mulheres com carros e as "objetificando" por isso, fique sabendo que eu estou comparando o DESEMPENHO.

Qual desses dois você escolheria para disputar uma corrida?

E tem mais, eu acho simplesmente RIDÍCULO esse preconceito contra a prostituição. Tirando os abusos dos cafetões, a prostituição como único meio de sobrevivência, o envolvimento com drogas e a prostituição infantil, o resto é um assunto exclusivo para as pessoas envolvidas. A luta hoje é justamente para que ocorra a descriminalização da prostituição como forma de tratar as garotas de programa como seres humanos, como pessoas dignas de direitos trabalhistas e de respeito. Esse discurso de tentar "salvar" as prostitutas de sua "vagabundice" é coisa de paladino papa-hóstia. Eu sou contra esse preconceito nojento que existe na nossa cultura cristã contra as prostitutas e que as coloca como escória. As prostitutas e prostitutos trabalham dignamente (sim, DIGNAMENTE) como qualquer outra pessoa. Mas pelo fato de usarem 'serviços sexuais', então a sociedade se arma de paus e pedras para atacá-los, já que o sexo na nossa cultura é tratado de lixo para baixo quando está fora da famosa tríade 'matrimônio - reprodução - heterossexualidade'.
Sei que, a essa altura, os moralistas estão querendo me enforcar pelo meu discurso, mas eu sou um defensor ferrenho das liberdades individuais. E ninguém tem o direito de legislar sobre o corpo dos outros, nem moralistas, nem religiosos e nem o Estado.

A prostituição é mais antiga do que sonha a nossa vã filosofia

E para os preconceituosos que estão se perguntando se eu gostaria de ver minha filha ou minha mãe como prostituta, eu respondo com outra pergunta: Você gostaria de ter um filho gay? A questão é diferente, mas os raciocínio é o mesmo. Eu não gostaria de ter um filho gay ou uma filha prostituta pelo fato de serem prostituta ou gay, mas sim pelo preconceito da sociedade contra eles. Se não houvesse preconceito e violência contra essas pessoas, eu aceitaria tranquilamente ter uma filha prostituta ou um filho gay, desde que isso não fosse contra a vontade deles e eles tivessem segurança e liberdade. Não faz vergonha ser prostituta ou homossexual: o que faz vergonha é este preconceito asqueroso. Eu não tenho preconceito com nada ligado ao sexo entre adultos que o fazem com pleno consentimento, por isso luto pelos direitos das profissionais do sexo e pelos homossexuais.

E se não gostou, desculpa, mas você tem mais é que ir pra...

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