quarta-feira, 10 de junho de 2015

Como não ser uma RadFem


As RadFems (feministas ultra radicais) não gostam de mim - e nem eu delas. Sei que elas não vão ler o que vou escrever, porque elas só vêm até aqui para me xingar e dizer desaforos. Mas mesmo assim eu vou "consertar" alguns pontos distorcidos que elas criam da realidade, evitando, dessa maneira, que mais feministas virem RadFems.

O problema em ser radical é este

Desconstruindo o machismo
As Radfems enxergam os homens como sendo a "classe opressora", se esquecendo que as mulheres também reproduzem o machismo, ainda que inconscientemente. É bom que se diga que não existe um sindicato ou um congresso só de homens onde nos juntamos para decidir como vamos oprimir as mulheres. O que ocorre é uma perpetuação do patriarcado através de pequenos gestos que ocorrem no dia a dia. E homens não são todos iguais, porque muitos abominam esse sistema. Os homens não são opressores, os homens são um grupo privilegiado em relação às mulheres, mas não necessariamente opressor. E esses privilégios não vieram através de congressos, sindicatos ou leis: eles vieram de uma construção social-cultural que foi alicerçada ao longo de gerações. O que precisa ser feito é matar o machismo - e não combater os homens. Entre ter privilégios e ser opressor existe uma diferença abismal - da mesma forma, por exemplo, que o fato de uma pessoa ser branca não a torna automaticamente uma opressora em relação aos negros. Brancos são privilegiados, mas não necessariamente opressores.
Se quisermos eliminar os preconceitos de gênero, temos que entender que o machismo e o patriarcado é que precisam ser desconstruídos - independente dele vir de homens ou de mulheres.

Rad fazendo radice

Oprimidos precisam de aliados do lado "opressor"
Homens feministas existem
Achar que os homens não podem se opor ao machismo é uma tolice - e uma grande burrice também. Homens que apoiam o feminismo existem quer você queira ou não. Não importa o nome que dê a eles, eles existem e eles são indispensáveis. Existem muitos ambientes onde praticamente só há homens (ou onde a totalidade deles é homem) - e se nesses ambientes existirem homens feministas, eles podem (e devem) ajudar a desconstruir qualquer sexismo que possa existir por lá. Homens feministas, abrindo-se raras exceções, são aliados importantes das feministas. Mas as radfems são tão trogloditas que não percebem isso, pois elas atacam os homens indistintamente. E no caso de homens pró-feminismo, elas acham que eles querem "cagar regra" ou "protagonizar o movimento" no lugar delas. Lamento dizer, mas sem aliados, as feministas jamais irão a lugar algum. Achar que são autossuficientes e que não precisam "duzomi" é infantil e fanático. Lembrem-se que as feministas não são maioria nem das mulheres - muito menos da sociedade. E lutarem sozinhas contra o resto da humanidade é uma missão suicida. Porque se os machistas se enfezarem (lembrem-se que machistas é que são maioria), aí é que eles vão se organizar de verdade para oprimir vocês com gosto.

Diarreia mental feminazi (por favor, me digam que isso é fake)

Orientação sexual não é escolha
É muita desordem mental
Ninguém escolhe ser homo ou hétero, ponto. Os reacionários, os moralistas e os fundamentalistas religiosos acham que a homossexualidade é uma construção social e por isso, certamente, gostam tanto da ideia de "cura gay" e de que "homossexualismo se resolve na porrada". As Rads (vou chamar as RadFems assim de agora em diante), via de regra, também acham que é possível escolher a orientação sexual, difundindo bobagens como "lesbianismo político", ou que mulheres hétero estão "dormindo com o opressor por sofrer Síndrome de Estocolmo", ou que "ser heterossexual é ser submissa ao patriarcado", ou ainda que "todo sexo heterossexual é estupro". Isso, no meu vocabulário, tem nome e se chama homonormatividade, ou, se preferir: heterofobia. Os fundamentalistas religiosos concordam inteiramente com as Rads que a homossexualidade é uma construção social, ou pior ainda: uma escolha. E eles concordam pela mesma razão que as Rads: porque não entendem porra nenhuma sobre sexualidade humana. O que temos que fazer é combater a homofobia, a heteronormatividade e aprender a respeitar a orientação sexual das pessoas, sejam elas bissexuais, assexuais, pansexuais, heterossexuais, homossexuais ou qualquer outra orientação que eu desconheça (exceto a pedofilia, que não é considerada orientação sexual). Se ficar difícil de entender, assista o vídeo abaixo de um doutor em biologia, um tal de Pirula:



Reclamar de opressão é fácil, quero ver quem sente empatia

Transfobia é totalmente antihumano
Radfems são transfóbicas por excelência, pois em seus delírios psíquicos-anárquicos-sexuais, elas acham que tudo que têm pênis é inimigo-opressor-estuprador. Algumas delas são tão bizarras que hostilizam cruelmente mulheres transexuais sem sequer saber o que é transexualidade. A mulher transexual nada mais é que uma mulher presa desde que nasceu dentro do corpo de um homem (mais ou menos como naquele filme "Se eu fosse você"). Se você agride uma mulher trans, além de transfóbica, você está sendo misógina. Isso é covarde, criminoso e totalmente antihumano. Mulheres trans sofrem barbaramente, porque são vistas como aberrações: são expulsas de casa, rejeitadas pela sociedade e pela própria família, sofrem agressões na rua, sofrem para arrumar emprego, sofrem ao usar banheiros públicos, enfim. Você acha que um homem iria abdicar dos seus privilégios para escolher ir para um gênero "oprimido" por puro masoquismo? Para se ter uma ideia, já recebi comentários no meu blog de pessoas transexuais querendo se suicidar por não aguentarem tanto preconceito, tanta humilhação e tanta dor por terem nascido "no corpo errado". Transexuais precisam de apoio e não de agressão. Por favor, tenham o mínimo de empatia antes de ficar repetindo as demências dos fundamentalistas religiosos. Leiam sobre mais sobre identidade de gênero antes de repetir as opiniões criminosas de pseudo-feministas como Sheila Jeffreys. Sempre há pessoas mais oprimidas que você.

Radfems e suas insanidades

O mercado do sexo e a liberdade individual
Palavras como "pornografia", "prostituição" e "BDSM" estão entre as mais repugnantes na cartilha Radfem. Para quem acha que todo sexo heterossexual é estupro, não há nada de surpreendente nisso. O problema aqui é que apesar de existirem abusos dentro da indústria de entretenimento adulto, existe também a questão do respeito à liberdade individual. Se uma mulher quer se prostituir ou praticar sadomasoquismo, isso é problema dela - e não de um bando de moralistas e feministas radicais recalcadas. O corpo é dela, as regras são dela: ela se prostitui e faz pornô se quiser. Quem sou eu ou você para se apropriar das decisões que uma mulher toma em sua vida? Uma coisa é ser contra os cafetões e a exploração da indústria pornô. Outra coisa é ser anti-sexo.
Ah, a princípio, sabia que pornografia, prostituição, bdsm, objeificação e sensualidade são proibidos no mundo islâmico? Gostou da ideia? Então que tal se mudar para lá? Eu faço uma vaquinha para pagar a viagem de ida das Rads, mas só a ida. Só tem um detalhe: lá mulher é tratada muito, mas muito pior que no ocidente.

É por isso tudo que, para mim, as RadFems são as maiores inimigas do feminismo.

Não gostou?

Então chora!
Rarará!!

9 comentários:

  1. Concordo com o texto. O feminismo radical apenas contribui pra que muita gente que desconhece o movimento feminista tenha uma ideia errada dele, e quem já é simpatizante da causa e que luta de verdade pela causa, não excluindo mulheres trans e homens, acaba sendo rotulada de feminista falocêntrica.
    No fim, o que as radicais conseguem é apenas reproduzir o sexismo de que elas tanto proclamam ser contra.

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    1. Oi, Camila.

      Exatamente. O único ponto em que eu concordo com as rads é que o protagonismo precisa ser sempre da mulher. Acho que deforma o movimento ter um homem como ícone do feminismo. Mas apedrejar aliados através de um fanatismo cego é muito irresponsável. Será que elas são tão falofóbicas a ponto de atacar também os homens que fazem parte de campanhas como a do 'Laço Branco'? Tomara que não.

      Grande abraço e obrigado por sua participação.

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  2. Como não ser ludícrus.

    1 - Desconstruindo o machismo
    Os agentes inventores e propagadores do machismo são os mesmos que se beneficiam dele: os homens. De acordo com a sua lógica, eu poderia dizer que o que tinha de ser combatido era o nazismo e não os nazistas.

    2 - Orientação sexual não é escolha, estupidez é
    O que nós questionamos não é a orientação sexual de ninguém, mas sim as relações que a forma de sexualidade dominante na sociedade transporta na sua genética coletiva. Isso tem a ver com a porra do fato de nós mulheres termos dois trabalhos, o doméstico e o formal porque vocês não querem dividir as tarefas e responsabilidades domésticas, como filhos, limpeza e cuidado da casa.

    Sobre transfobia, eu não vou nem responder, não tenho paciência para tamanho deboche.

    O Mercado do Sexo
    Se você acha que uma mulher se prostitui porque é legal, experimente você mesmo fazer isso.

    Não existem Radfem, existem homens chorões que não querem um feminismo assertivo e convicto e mulheres que infelizmente ainda se deixam levar por influências do patriarcado.

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  3. Vou ser breve para o comentário não ficar muito grande:

    1-Reitero: o que tem que ser combatido é o machismo, e não os homens. Quem combate pessoas não entende nada de direitos humanos. Além disso, muitos homens odeiam o machismo e fazem militância contra ele, vai combatê-los também? Aliás, falando nisso, fiquei curioso: como vocês acham vão combater os homens? Se for através de um apartheid de gênero, segregando homens e mulheres, meus parabéns, você ganhou o troféu estupidez do ano.
    E essa comparação com os nazistas foi uma merda, hein? Se o nazismo tivesse sido combatido ao invés dos nazistas, hoje o nazismo estaria morto. Estaria, porque apesar de Hitler e seus generais terem ido para a vala comum, o nazismo ainda existe até hoje, sendo seguido por diversos grupos neonazistas e alguns skinheads. A ideologia e os comportamentos é que devem ser desconstruídos. Somente os psicopatas atacam pessoas achando que estão destruindo alguma ideologia.

    2-Eu também sou contra a heteronormatividade, padrões de gênero e toda essa bostalhada que os homofóbicos ultraconservadores tanto defendem. Acho que os homens podem e devem sim dividir as tarefas - só que não é sobre isso que estou falando. O que eu tentei dizer no post é que atacar a orientação sexual das pessoas é algo totalmente covarde e doentio. Tem muita Radfem sem noção que ataca as mulheres heterossexuais ao difundir o famoso "lesbianismo político" e isso é tão bizarro e sem noção quanto atacar mulheres homossexuais.

    3-Sobre transfobia, como já dizia Simone de Beauvoir: "Ninguém nasce mulher, torna-se mulher". Aproveite e veja o "deboche" que o site Blogueiras Feministas faz sobre esse tema, você vai se deliciar.

    4-Se prostituir pode ser legal para muita gente. Não é o meu caso, até porque eu morreria de fome se eu fosse um prostituto - isso porque eu não sou gay para transar com homens e mulheres não pagam garotos de programa. E você não gostar de se prostituir não significa que o mundo inteiro pensa como você.

    Sim, existem radfems e elas são todas umas imbecis.

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  4. Pensei que fosse piada, mas é sério que tem gente que defende isso? Ser contra relacionamento heterossexual?! A maioria das mulheres terão que ser obrigadas a virar lésbicas mesmo não querendo?! As pessoas vão nascer como de agora em diante? Sim, porque mesmo reprodução em laboratório precisa da presença masculina. Não vou opinar mais do que isso para não levar desaforo de radical, coisa que já me bastou na última discussão que participei sobre feminismo. Pensamento "o mundo está contra mim" só faz gerar maluco.

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    1. E como tem gente que defende isso, caro Alan...
      Na verdade, essa história toda começou lá nos anos 70, quando feministas como Andrea Dworkin começaram a difundir o lesbianismo político e o separatismo entre homens e mulheres. E aí que em pleno século 21 as feministas radicais resolveram ressuscitar essa ideologia que já foi refutada e superada desde o século passado. Mas às vezes o fanatismo é tão extremo que vemos pérolas como esta aqui (devidamente achincalhadas no Facebook).
      Sorte que para casos como esse há psiquiatra para tratar.

      Obrigado por sua participação.

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    2. Vou fugir um pouco do tópico da postagem, mas eu acho que tem a ver com o assunto. Tive uma amiga que trabalhou em centro de apoio psiquiátrico, alguns casos que eu vi lá são dignos de nota. Ficar cheio de ódio e culpabilizando algo em especifico por tempo demais enlouquece de um jeito que eu nem imaginava. Por exemplo, tinha um interno que via Heavy Metal em todo lugar, em sua paranoia ele alucinava que uma banda de Metal estava perseguindo ele. Não tenho tanta certeza, vou ter que checar com essa minha amiga, mas pelo que soube ele era um daqueles religiosos extremistas anti-rock. esse caso pode soar até engraçado, mas é sério. Não sou psicólogo, não sei se tem componente biológico, neurológico ou sei lá o quê envolvido. Sei que pode soar ingenuo, mas é algo que tenho fé. "Deus está presente em todos os lugares". Se você quiser ver Deus em tudo, você vê, se quiser ver só o Diabo, você vê também.

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  5. vim do futuro pra avisar que elas andam com nazis abertamente agora.

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