No dia 2 de maio saiu a notícia bombástica de que Janot vai investigar Lula, Dilma, Cunha e, adivinhe só, Aécio Neves. Algumas pessoas já estão concluindo, precipitadamente, que finalmente a justiça está sendo feita por conta disso. Detesto ser um estraga-prazeres, mas, na minha opinião, isso é puro teatro. Sei que erro em 90% das minhas previsões políticas, mas dessa vez eu tenho convicção de que tudo não passa de encenação. Não estou duvidando que o Janot e o MPF investiguem um alto membro do PSDB. O que eu duvido é que essa investigação dê em alguma coisa. Li em alguns blogs por aí que já era de se esperar que a justiça pegasse um dos integrantes do PSDB como "laranja", como bode expiatório, para pagar sozinho pelos pecados dos outros. Não que Aécio Neves seja inocente, mas o problema do PSDB vai muito além dele. Eu tinha apostado que Alckmin seria o investigado, porque a própria direita já vinha o hostilizando há certo tempo. Mas aí vem a PGR e elege Aécio como sua vítima principal da oposição: justo o membro do PSDB com mais chances de se eleger presidente. Honestamente, creio que essa investigação vai terminar em pizza pro lado tucano. Para mim, é só uma maneira de tentar forçar imparcialidade e acalmar um pouco os ânimos da ala governista.
Sendo Aécio Neves condenado ou não, as coisas não irão mudar muito. O que realmente interessa para o alto comando do Golpe não são os atores, mas, sim, o enredo. O que importa é que alguém, seja Temer, Aécio, Marina ou até Bolsonaro, coloque em prática a agenda neoliberal da direita, ponto. Depois de cumprir sua função, o ator é descartado como uma roupa velha do armário. O primeiro a cair após o Golpe será o próprio Eduardo Cunha, porque seria imoral e contraditório que ele continue como o vice de Temer. O próprio Cunha sabe disso. Ele serviu apenas para abrir o processo de impeachment e ajudar a tirar a Dilma. Depois disso, xô, Cunha! A menos que o Eduardo Cunha seja um estrategista do calibre dos generais soviéticos que venceram a Batalha de Stalingrado, ele vai cair muito em breve.
De todo jeito, teremos um verdadeiro monopólio político do PMDB, que controlará a Câmara, o Senado e a Presidência da República. Esse triunvirato peemedebista, podre que é, será mais útil ao Grande Capital que as alianças embaraçosas entre PSDB/DEM/PPS justamente por ter mais consistência. E como o PMDB não tem ideologia alguma a não ser a do dinheiro e das alianças soturnas, então serve como o carrasco perfeito para colocar em prática o plano diabólico da nossa velha elite oligárquica. Na verdade, o que interessa mesmo para Janot e para a plutocracia são Lula e Dilma. Desabilitando Lula e Dilma e fragilizando o PT, eles podem até condenar Aécio que não vai ter problema algum. Afinal, venceriam as próximas eleições por W.O.
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