CNI coloca açoite nas mãos de Temer

Dizem que se conselho fosse bom, não se dava, se vendia. Apesar disso, alertei insistentemente em inúmeros posts deste blog sobre as consequências nefastas do Golpe de Estado dado pelas elites econômicas para afastar a presidenta Dilma Rousseff. Não apenas eu avisei, mas também toda a imprensa livre e todas as pessoas politizadas que foram xingadas de "petralhas" pelos batedores de panela que trajavam o abadá da CBF. Os midiotas que apoiaram o Golpe agora vão comer o pão que o diabo amassou por não terem dado ouvidos a quem sabia do que se tratava este "golpeachment". Temer, como bem se sabe, NÃO governa para o povo, e sim para a classe empresária e para os demais membros da elite burguesa que o colocaram lá. Temer não é capaz sequer de sair às ruas ou de fazer um pronunciamento aberto, porque ele sabe muito bem que o povo certamente irá hostilizá-lo. Ele sabe muito bem que não passa de um golpista impopular e covarde.
Pois bem, o fato chocante, porém não surpreendente, foi que no dia 8 de julho de 2016, o presidente interino golpista Michel Temer se reuniu com mais de 100 empresários do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) para decidir quem vai pagar o pato para melhorar a situação do défict fiscal. E adivinhe só quem será... O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse que serão necessárias “mudanças duras” tanto na Previdência Social quanto nas leis trabalhistas. Isso significa, na prática, aumento da jornada de trabalho de 44 para 80 horas semanais e até 12 horas de trabalho por dia. Isso sem falar nos cortes criminosos na Previdência Social, na mudança do cálculo para a aposentadoria e no aumento de impostos para os trabalhadores, pobres e classe média. A situação é tão absurda que o blogueiro Leonardo Sakamoto ironizou esse fato propondo a revogação da Lei Áurea.

Antes que algum engraçadinho venha dizer que não há outra saída para consertar o país, eu respondo logo: Quer consertar o país? Tire Temer e convoque novas eleições. A conta deste Golpe é cara e quem vai pagá-la sou eu, você e todos os brasileiros que não estão entre os 71 mil membros da elite econômica (0,05% da população) que concentram 22% da riqueza do país. Somos um paraíso tributário para os super ricos e continuaremos a ser enquanto não deixarmos de ser burros, despolitizados e massa de manobra da mídia corporativa. Enquanto as mega corporações e os super ricos não dividirem a conta da crise de forma justa e proporcional com o resto do povo (tanto pessoas físicas quanto jurídicas), seremos uma eterna República Bananeira sem ordem, sem progresso e sem justiça. É isso que você quer?

Por que ninguém sugere o aumento da carga tributária também para os mais ricos? Por que ninguém fala na taxação de dividendos recebidos pelas empresas? Ou na alteração decente na tabela do Imposto de Renda para cobrar mais de quem ganha muito e isentando a maior parte da classe média? Ou também da regulamentação de um imposto sobre grandes fortunas e do aumento na taxação de grandes heranças? Se o Brasil quiser ser um país sério, terá, no mínimo, que fazer tudo isso e muito mais. O nosso país tem jeito, basta a gente deixar de ser ignorante, despolitizado e masoquista.

"Se os pobres desse país soubessem o que estão preparando para eles, não haveria ruas que coubessem tanta gente para protestar contra o impeachment." 

(Leonardo Boff)