sábado, 10 de dezembro de 2016

A Revolução das Flores


Durante a minha adolescência, eu adorava uma canção de punk rock intitulada "Revolução Delinquente" que havia sido escrita por meus colegas. A música era um misto de grito de protesto contra o status quo, de incitação à baderna como forma de revolta contra o sistema e de clamor anarquista contra toda forma de poder. Meus colegas protestavam contra a ordem vigente de forma inflamada, incluindo gritos de repúdio contra o capitalismo e contra o Estado. A baderna e o caos seriam as armas para se fazer uma revolução rumo à liberdade e à igualdade.
Enfim, quando se é adolescente, não costumamos pensar em consequências a longo prazo para as nossas atitudes. O espírito rebelde daquelas canções punks foram apenas uma maneira de exteriorizar a insatisfação com aquilo que considerávamos ser uma forma de opressão do sistema.

Anos após essa fase anarquista, cheguei à conclusão que a baderna, a negação à política e o caos não são soluções para nada. Infelizmente, não há solução fora da política. Podemos soltar o verbo em canções de rock, arremessar coquetéis molotovs contra a política ou mesmo procurar uma neopentecostal para pedir a ajuda de forças espirituais para os problemas do país: mas nada disso muda as coisas de fato. O melhor meio de resolver as coisas é através do discurso, da palavra, do diálogo e das atitudes. Ao invés de usar o discurso raivoso do ódio e do confronto, por que não usar o discurso da paz, da emoção, do amor, da esperança, do humanismo, dos sonhos e da união? Será que o policial que obedece ordens para reprimir um protesto faz aquilo por ser mau? Será que aquele policial também não é um proletário com condições de trabalho precárias, que ganha um salário humilhante, que arrisca a vida para sustentar a própria família e que também estaria do lado dos manifestantes se o discurso fosse outro? Aliás, que moral a tropa de choque, o Estado ou a mídia tem para atacar furiosamente quem fala de amor, sonhos ou esperança?
Se olharmos para a história, lembraremos que o cristianismo venceu a perseguição na antiguidade com uma postura pacifista e humanista. Nelson Mandela combateu o apartheid com um discurso de união e pacifismo. E até o ex-presidente Lula, um simples operário, conquistou o coração de milhões de brasileiros ao se eleger duas vezes Presidente da República. A violência pode ser repudiada, mas o discurso pacifista de amor e esperança, isso ainda não. Ou será que você já viu protestos de pessoas contra a paz, contra o amor ou contra a solidariedade?


Ao invés de uma revolução com armas, sangue e dor, existe a possibilidade de uma revolução feita com palavras, emoções e flores. Uma Revolução das Flores: é disso que precisamos! Bombas e armas podem convencer pelo medo, mas somente as palavras certas convencem pelo coração.

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