quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Ninguém se conforma com o que tem


Há pouco tempo, lembro de ter visto uma senhora rica, mas muito rica mesmo, indo a um edifício empresarial cercada por seguranças. Ela chegou ao edifício dentro de um automóvel de luxo da Mercedes que era escoltado por três carros cheios de seguranças bastante alinhados no vestir. Aí então o chofer parou o Mercedes, os seguranças desceram e abriram a porta para a senhora descer do carro. A mulher, muito bem vestida, diga-se de passagem, estava sempre cercada por seguranças bastante educados e fortes fisicamente. Daí em diante ela entrou no edifício e seguiu sua vida. Desde esse dia eu estive pensando sobre o valor da liberdade. Muita gente do meu meio sonha em ser rica como aquela mulher, ter mordomos, choferes, seguranças, luxo, roupas caras... Mas onde fica a liberdade? Será que aquela mulher é realmente livre? Será que ela tem privacidade? Será que ela pode ir aonde quiser sem precisar comunicar isso aos seus guarda-costas? Será que ela é feliz? Será que vale a pena ser tão rico e importante desse jeito?

De que adianta ser rico e infeliz?

Na minha opinião, a felicidade está no equilíbrio. Pessoas muito ricas normalmente sofrem pela falta de liberdade. Já as pessoas que têm liberdade quase sempre sofrem pela falta de riqueza. Fica sempre um invejando o outro e ninguém está feliz com o que tem. O segredo é saber ver o lado positivo da sua vida e buscar o equilíbrio. Do contrário, viveremos em círculos de inconformismo, como ressaltou o grande escritor Machado de Assis em seu poema Círculo Vicioso:

Bailando no ar, gemia inquieto o vaga-lume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"

Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"

Mas a lua, fitando o sol com azedume:
"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume"

Mas o sol, inclinando a rútila capela:
Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vagalume?

Machado de Assis


Por essas e outras que eu acho que é bem melhor ser pobre em um país rico ao invés de ser rico num país pobre. Mas isso é assunto para outra postagem.

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