sábado, 18 de fevereiro de 2017

Por muito menos, os militares tomaram o poder em 64


A situação que o Brasil atravessa neste momento é extremamente preocupante. Estamos vivendo um misto de caos com autodestruição por ação de um governo oportunista e cleptocrata. É uma vergonha estarmos testemunhando caos nos presídios, o exército nas ruas para conter a violência, a dilapidação das nossas estatais, o congelamento dos investimentos em saúde e educação, os ataques criminosos contra a CLT, contra a previdência, contra o programa nuclear brasileiro, contra o programa espacial brasileiro, contra as nossas empreiteiras, contra o ensino médio e agora, para terminar a tragédia, a venda de terras brasileiras para estrangeiros e empresas multinacionais. Os próprios militares já manifestaram preocupação com essa recente ameaça à nossa soberania através dessa MP de Temer que entrega nossas terras para o controle estrangeiro. Aliás, essa MP de Temer lembra bastante o neocolonialismo que ocorreu na África durante os séculos XIX e XX, especialmente no Congo.

E a história se repete...

Em 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto, nada sequer parecido com o que está acontecendo hoje acontecia na época. O grande "risco" que havia em 1964 era de serem feitas reformas de base, que foram tratadas como uma "ameaça comunista" de Jango, que, diga-se de passagem, nunca foi comunista e nunca teve qualquer ligação com a URSS durante a Guerra Fria. O Golpe de 1964 foi imposto pelos EUA e apoiado por nossa elite. Apesar de termos vivenciado anos de chumbo durante a ditadura, os militares nunca toleraram a destruição do patrimônio nacional e nem a venda de parcelas estratégicas do nosso território. Os militares tinham um viés nacionalista muito forte e, por isso, não tolerariam avanços abusivos contra a nossa soberania.

Geisel sabia o que estava por vir...

A barbaridade que acontece hoje no Brasil seria motivo mais que suficiente para um novo Golpe Militar, mas não é interesse das nossas oligarquias e nem dos EUA patrocinar mais uma ditadura, ainda mais sem haver Guerra Fria. Militares no poder hoje seriam um empecilho ao entreguismo e ao lucro do sistema financeiro. A própria Globo já anunciou o caráter ilegal de uma intervenção militar e pediu desculpas por ter apoiado o Golpe de 64. Por isso, o risco de uma intervenção militar hoje é zero. Mas nem por isso os militares estão quietos, assistindo a tudo passivamente. O próprio general Villas Boas já mostrou preocupação com o fato do país estar à deriva.

Sim: foi a este ponto que nós chegamos...

O que quero dizer com tudo isso é que a situação hoje é muito mais grave que a de 1964 – fato que não justifica ditadura alguma – mas que nos leva, no mínimo, a uma reflexão.

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