segunda-feira, 14 de maio de 2018

O fascismo tupiniquim é uma piada de mal gosto


Conversando com um ex-colega pelas redes sociais, ontem eu cheguei à conclusão que o fascismo brasileiro tem uma peculiaridade muito curiosa: o antinacionalismo. O fascismo nos países desenvolvidos normalmente assume um caráter ultranacionalista por considerar os imigrantes e outros povos "menos desenvolvidos" como sendo "inferiores". Na Europa atual, por exemplo, a política anti-migração da extrema-direita se fundamenta na eugenia cultural e social, porque segundo os reaças de lá, os europeus possuem uma cultura "superior". Já aqui no Brasil, como sofremos do complexo de vira-latas, o nosso fascismo não é ultranacionalista, mas sim entreguista. Por mais contraditório que pareça, os fascistas daqui acham que temos que entregar todas as nossas riquezas e patrimônio público para os gringos porque eles são mais "honestos e civilizados" que nós. Já que os reaças tupiniquins acham que somos todos corruptos e atrasados, preferem entregar tudo quase de graça para as multinacionais estrangeiras, porque elas são (na visão deles) mais competentes que nós. Ao invés da xenofobia, o ódio dos nossos fascistas e fascistoides é direcionado essencialmente contra minorias locais: pobres, negros, nordestinos, índios, favelados, homossexuais, esquerdistas e até mulheres não submissas ao patriarcado. Do mesmo modo que os nazistas culparam e odiaram os judeus, os nossos reaças detestam as minorias.

A extrema-direita tem um longo histórico no Brasil

Outro ponto que discuti com meu ex-colega foi que o Brasil nunca esteve tão fascistoide em toda a sua história. Nem em 1964 o Brasil estava tão fascista quanto hoje. Se em 1964 tivesse tanta gente apoiando um Golpe Militar como hoje, nem mesmo a Operação Brother Sam teria sido necessária para dar apoio aos golpistas. Os generais hoje estão assanhados para dar outro Golpe Militar porque perceberam justamente esse aumento estupendo no número de apoiadores de uma nova ditadura (além do caos institucional após o Golpe de 2016). Desde as manifestações de 2013 que esses reaças começaram a brotar de todos os buracos. A imprensa corporativa direcionou, manipulou e induziu milhões de pessoas (manifestoches) a derrubar o governo Dilma quando o PT contrariou as previsões do mercado e venceu as disputadas eleições de 2014. Foi aí então que a caixa de Pandora foi aberta e daí ressurgiram os integralistas, TFPistas, neonazistas, neofascistas, skinheads eugenistas, saudosistas da ditadura, masculinistas, macarthistas e reaças de todo tipo. Essa gente que estava acuada e escondida desde a redemocratização acabou ganhando coragem quando usou a desculpa da corrupção para sair do armário e atacar o PT, a esquerda e a democracia. E foi justamente a nossa imprensa canalha que apoiou toda essa escória que está aí até hoje clamando por uma nova ditadura. Outro fator decisivo foram as bravatas do deputado Jair Bolsonaro e do astrólogo tabagista Olavo de Carvalho que serviram para encorajar muitos fascistas a saírem do armário com discurso de ódio e intolerância regados por uma reacionarismo quase medieval.

A direita sendo direita

A situação de protofascismo que estamos vivendo hoje é uma consequência de tudo isso. Depois que os monstros saíram do armário em um país de histórico autoritário, escravocrata, colonial e elitista, o renascimento do fascismo aqui foi apenas uma consequência. Afinal, como já dizia Bertolt Brecht: "A cadela do fascismo está sempre no cio".

Um comentário:

  1. Na Europa inteira os conservadores e a extrema direita não possuem vergonha nenhuma de demonstrarem admiração pelo nazismo e pelo Hitler. Os protestos contra o "globalismo" lá são promovidos por simpatizantes do nazismo e o que mais se encontra nesses protestos são imbecis ostentando bandeiras com suásticas. Aqui no Brasil os neonazistas olavetes sentem vergonha de assumirem publicamente o que são, e como sabem que o Brasil é um país miscigenado então eles empurram o nazismo para a esquerda e fazem de conta que não tem nada a ver com isso. E outra coisa interessante é que a cidade aonde o astrólogo mora na Virgínia lá nos EUA é aonde mais se encontram neonazistas. Estranho não? rsrsrs

    ResponderExcluir